sexta-feira, 22 de abril de 2011

Pra você assistir: "A Montanha dos Sete Abutres"


       Dirigido, produzido e roteirizado por Billy Wilder, o filme foi lançado em 1951 nos EUA, sob o título "Ace in the Hole". Sessenta anos depois, a película continua atual, pois a história relatada em “A montanha dos sete abutres” é bastante reflexiva, por tratar de questões essenciais para o jornalismo: a maneira de produzir a notícia, como lidar com a repercussão, manipulação e o sensacionalismo envolvidos no processo. Inspirado pela tragédia real de Floyd Collins -um mineiro morto de forma semelhante à do protagonista Leo Minosa e que teve seu acidente amplamente divulgado na mídia -, Billy Wilder produziu uma obra prima. 
       No início do filme o jornalista Mr. Tatum sai em busca de um novo emprego e chega até Albuquerque, onde se depara com Mr. Boot, jornalista e editor ético, sempre preocupado em dizer a verdade, passar a notícia da forma como realmente ocorreu. Após um ano sem conseguir um furo, Tatum segue com um outro jornalista (Herbie) para cobrir um evento considerado desinteressante para ele. No caminho, porém, acaba descobrindo uma tragédia que lhe renderia o reconhecimento que buscava. A partir daí, o jornalista manipula as informações, escreve artigos sensacionalistas e consegue transformar o sofrimento de Leo Minosa em atração para a sociedade, minando as chances de resgate do “amigo” e controlando toda a situação por ser conveniente para si. Ao longo do filme, é possível perceber como Tatum não se importava em manipular a história e os grupos de poder (como o xerife), para manter o sucesso e poder que alcançara. Em menos de uma semana, a tragédia de Leo Minosa vira atração turística: um circo foi montado, famílias inteiras acampavam no local, artefatos indígenas eram comercializados pela esposa, enquanto os pais de Minosa pareciam ser os únicos em meio à multidão que realmente se preocupavam com a saúde e a vida do filho.
      Um ponto interessante que merece ser ressaltado são os meios utilizados na comunicação e construção das notícias: a fotografia, o teletipo, o rádio e a televisão estavam presentes a todo momento. É importante destacar como esses meios eram eficazes na produção e transmissão dos fatos, oferecendo mais agilidade aos jornalistas, repórteres e levando a notícia de um modo cada vez mais veloz aos leitores/ouvintes. Outra observação cabível nesse cenário é a relação entre mídia, poder e sociedade. Mr. Tatum não tinha ética profissional e não media esforços para ir em busca de um furo ou gerar notícias falsas apenas por sua aspiração ao poder. No decorrer da história, quando Minosa está implorando que levem o padre até ele, pois sente que não há mais salvação e vai morrer naquela caverna, o jornalista parece se compadecer e se arrepender de toda manipulação e coação pela qual foi responsável. Após dias ‘tentando’ salvar Leo Minosa através de uma escavadora, ele decide parar e resgatá-lo da maneira mais simples e segura, porém essa decisão foi tomada muito tarde e o homem falece antes de ser resgatado. Visivelmente abalado (e ferido após um desentendimento com a sra. Minosa), o jornalista tenta dizer a verdade a um editor de Nova York, alegando que Minosa não morreu, fora assassinado. Como não tinha prestígio entre outros jornalistas, Tatum não foi ouvido nesse momento. A partir da morte de Minosa, sua carreira e vida findam. 
      Afinal, até que ponto um jornalista deve ir em busca da notícia? O que é mais importante, passar a informação verdadeira ou lucrar com o sensacionalismo? “A Montanha dos sete abutres” traz reflexões deveras essenciais para os profissionais da comunicação, sendo indispensável para esse público.

Disponível para download aqui.

Por Priscila Xavier

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