quinta-feira, 22 de setembro de 2011

As Crônicas do Barro/Macaxeira #3

   Esta coluna tem o dever de contar tudo aquilo que passa com um estudante no cotidiano.
Caso você tenha alguma história que envolva esse bendito ônibus ou alguma aventura que você passou e queira compartilhar, vá na aba contato acima e colabore!


Episódio de hoje:
A PORTA DO MEIO
(História Original: Emmanuel Guimarães // Adaptação: Diego Oliver)








Eram duas da tarde e o meu querido Barro/Macaxeira estava um tanto quanto diferente. No lugar daquele ônibus “sanfona”, o Grande Recife decidiu colocar um daqueles ônibus comuns pra fazer o itinerário. Consegui me sentar tranquilamente até que um daqueles tipos valentes subiu no ônibus. Falava alto. Esparramava seus braços nas janelas do carro, querendo mostrar que nos seus braços havia força o suficiente pra espancar até a morte qualquer um que ousasse lhe perguntar as horas. Era tão blasé quanto alguém que acorda de manhã após ter tomado dois comprimidos de Rivotril 500mg pra dormir, mas apesar dessa comparação naquele momento, nem sequer pensei se ele estava drogado ou não. Enfim o garoto valente que aparentava ter uns dezesseis anos, queria descer do veículo, mas não queria descer de um jeito qualquer. Ele exigia sair pela porta do meio, aquela que quando o ônibus está muito lotado nós perguntamos ao cobrador se ela abre, a fim de não ter que se espremer nos outros passageiros até chegar a porta traseira. O fato é que a porta do meio de um ônibus não foi colocada ali com a finalidade de facilitar o tráfego de passageiros e, sim, de deficientes físicos. A porta do meio era especial. Tinha um elevador por onde o garoto, cheio de empáfia, queria ser rebaixado até a altura da calçada. Seu pedido foi negado e o garoto acabou passando do ponto de ônibus mais próximo de sua casa. Eu pude ver por um dos espelhos do Barro, todo o ódio que ele tinha nos olhos e isso me deu calafrios. 
O veículo seguia em frente e ao chegar ao ponto seguinte, o garoto ainda continuava exigindo que a porta do meio fosse aberta para que ele passasse. 
Seu pedido foi atendido. 
Desceu orgulhoso, como alguém que nunca teve uma ordem contrariada. Um último pedido inconsciente de alguém que morreria dois passos depois, quando um carro o acertou em cheio.

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