quarta-feira, 7 de setembro de 2011

As Crônicas do Barro/Macaxeira

    Esta coluna tem o dever de contar tudo aquilo que passa com um estudante no cotidiano. Caso você tenha alguma história que envolva esse bendito ônibus ou alguma aventura que você passou e queira compartilhar, vá na aba contato acima e colabore!



Episódio de hoje:
AQUILO QUE ME AGUARDAVA



Desde manhã a chuva não havia cessado. Ruas alagadas, semáforos desligados, longas filas de carros e eu estudando. Depois de um cansativo dia larguei as 18h já pensando em chegar em casa, tomar um bom banho e, diante daquele frio, cair direto na minha cama bem quente. Mas eu não imaginava aquilo que me aguardava.
              Fui rumo à parada de ônibus e já me deparei com meu primeiro obstáculo: atravessar a avenida para chegar à parada do outro lado. Primeiro porque, naquele horário, o fluxo de veículos estava intenso e não havia faixas para pedestre; segundo porque a avenida estava alagada e a água chegava na metade da canela. Senti meu drama piorar ao ver meu Barro/Macaxeira indo embora. Consegui atravessar e chegar à parada lotada. Após quase quarenta minutos de espera, chegou meu querido ônibus já lotado e com muita gente para subir. Em meio aos apertos daquilo, uma coisa me fazia feliz: fazia uma semana que eu havia comprado um celular novo e estava louco para me aquietar no ônibus e poder mexer um pouco nele. Mas eu não imaginava aquilo que me aguardava.
              O ônibus estava tão lotado que eu tinha que me jogar por cima de quem estava sentado para as pessoas poderem passar por mim. O resultado de tanto aperto só percebi no outro dia: a tela touchscreen havia rachado e o celular acabara de se tornar inútil. Logo mais desci e fiquei à espera do meu segundo ônibus: Barro/Prazeres. E fiquei à espera. E fiquei à espera... não passava ônibus algum. As chuvas haviam deixado os coletivos presos em algum lugar no fim do mundo. Eram 21h quando a verdadeira aventura começou.
              Encontrei minha irmã nessa mesma parada e, junto com mais duas pessoas, decidimos fazer o resto do percurso à pé. A chuva não dava trégua e eu, prevenido, estava com meu guarda-chuva gigantesco (que eu chamava de Assunção). Eram dois quilômetros até nossas casas. Nós corríamos freneticamente para não levarmos banhos dos carros que passavam e aí chegamos a um ponto com abrigo, quinze minutos depois, parando para descansar um pouco. Foi quando deu uma ventania enorme que conseguiu quebrar as hastes do meu enorme Assunção e levá-lo embora, me deixando apenas com o cabo nas mãos.
              No ponto em que estávamos havia uma senhora, com seus 60 anos, que estava aperreada porque não sabia como chegar em casa. Coincidentemente ela morava perto de nós e resolveu nos acompanhar pelo resto do caminho. Voltamos a andar. A rua na qual estávamos normalmente era movimentada, cheia de vida. Naquela hora estava um “breu”. Não havia nada nem ninguém, apenas nós. A rua estava com água até o joelho e demos as mãos para não corrermos o risco de cair em algum buraco. Foi quando um homem de bicicleta veio na direção contrária, nos dizendo: “Cuidado, porque mais na frente não tá passando, não! A água está na cintura!”. Eu até havia pensado: “A pessoa só se prejudica!”, mas isso é outra história.
              O único jeito era pegar um caminho paralelo à rua em que estávamos: o mangue. Eu já estava encharcado mesmo! Atravessamos o mangue com sapos pulando em nossas pernas e a lama nos fazendo quase escorregar, enquanto a senhora que nos acompanhava, dizia: “Ai meu Deus, nos ajuda! Eu tenho que chegar em casa pra tomar meu remédio controlado!”. Felizmente em poucos minutos chegávamos à pista novamente. Foi aí que nosso sorriso desapareceu.
              Só havia um caminho para chegar às nossas casas e ele estava completamente alagado. A água estava na cintura e vários carros e pessoas estavam ao redor apenas contemplando aquela intempérie. Não havia jeito, ou atravessávamos ou dormíamos ali mesmo, pois já eram 23h. Demos as mãos novamente e fomos juntos e vagarosamente, atravessando aquele mar. As pessoas agora nos focavam, prestando atenção em nossa travessia. Decidimos ir pelo meio da pista, pois supomos que não haveria buracos por ali. Foi quando nos assustamos com o grito da senhora que estava conosco: “AHH!! SOCORRO!! MINHA SANDÁLIA SAIU DO MEU PÉ!!!”. Minha irmã, que estava na ponta, viu a sandália da senhora boiando e fez um esforço para alcançá-la, porém conseguiu.
              Em segundos, que pareceram horas, finalmente sentimos a água diminuir em nossos corpos até percebermos que havíamos passado pelo mar. Foram muitos gritos de vitória tanto por nós, quanto por quem nos olhava. À 00h cheguei em casa completamente exausto e molhado sem acreditar que havia passado por tudo aquilo. Hoje dou risadas de tudo e até me orgulho de ter vencido tudo aquilo que me aguardava.

Por Oliver

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom grandee ! =D

Equipe Tá Ligado? disse...

vlw grandinha!

Nathali disse...

Puuuuuuuuuuuuuuuuuuts que pariu! O pior seria chegar em casa em não ter água para um bom banho, mas pelo final feliz da história não foi isso que ocorreu. Saudações guerreiro!

Equipe Tá Ligado? disse...

Saudações! Pelo menos o bom banho saiu com perfeição! hehehe

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